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BIPOLAR – O QUE É ISTO

BIPOLAR – O QUE É ISTO, por Wagner Lopes


Sou Wagner Lopes, 70 anos, empresário, mestre em Economia Internacional, portador do Distúrbio Bipolar e apaixonado pela escrita. No intuito de ajudar meus amigos portadores do mesmo distúrbio e procurar esclarecer para os que não são sobre esta particularidade de nossa psique, há algum tempo tenho escrito alguns textos baseados na minha experiência pessoal e estudos que tenho realizado ao longo de uma vida, no mínimo, peculiar. Convidado para postar alguns textos neste site, aceitei com todo orgulho e hoje começamos, espero estar contribuindo com o entendimento de todos para este distúrbio que hoje flagela mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo.

Embora não seja um distúrbio mental há muito tempo identificado pela psiquiatria, na realidade é coisa recente, nos primórdios o portador deste conjunto de sintomas era conhecido como Psicótico Maníaco Depressivo. Foi sob esta denominação que eu fui diagnosticado pela primeira vez. Todavia, buscando uma aparência mais politicamente correta, os psiquiatras passaram a trocar esta verdadeira maldição para o termo Bipolar. Mas em nossas cabeças nada mudou, continuamos sendo os mesmos Psicóticos Maníacos Depressivos de antes.

Bem, de maneira simples podemos entender o Bipolar como o individuo que passa com certa frequência por grandes alterações de humor, ele vai da mais profunda das depressões para o estado de plena euforia de um momento para o outro e, mais importante, sem a contribuição de qualquer causa externa, em outras palavras, sem qualquer alteração em sua vida concreta, o bipolar pode entrar em Depressão ou Mania. Uma descoberta importante da psiquiatria é a de que, embora outros fatores possam contribuir, a esmagadora maioria dos portadores deste distúrbio o tem por fatores genéticos, meu caso, por exemplo.

Outra constatação foi a de que existem graus e níveis de bipolaridade. Neste caso acho que a comparação entre eu e meu pai é bem esclarecedora, pois enquanto ele tinha níveis de Mania absurdos, quando ele se sentia um Deus tamanha a autoestima que ele alcançava, eu não passo do que os psiquiatras chamam de hipomania. Numa escala de importância, enquanto meu pai chegava a Deus eu talvez nem chegue a São Pedro. Kkkkk Mas tanto a Hipomania quanto a Mania, provocam profundas transformações comportamentais e de conduta. Com a autoestima artificialmente inflada, o bipolar se sente como que acima das convenções e regras sociais vigentes e passa a agir de forma inconsequente e até despótica. É como se nada o atingisse e, segundo estudos recentes, a infidelidade é muito comum entre eles sem que, na verdade, eles consigam enxergar a gravidade do que fizeram. Invariavelmente os casos mais agudos de Mania acaba com o bipolar tendo de ser internado em sanatórios.

Acho que não preciso dizer que enquanto eu nunca fui internado em um sanatório, meu pai teve de passar por varias internações nos mais diversos sanatórios. Uma outra característica bem conhecida da fase da mania é a disposição compulsiva ao gasto desregrado de dinheiro. Não sei explicar bem de onde vem este impulso, se do fato de você se achar poderoso e capaz de ganhar quanto dinheiro você quiser ou se vem do próprio prazer da compra. Meu pai comprava carros e até fazendas enquanto que eu me contento em ir no shopping e comprar algumas camisas ou calças, mas o fato é que alguma coisa eu tenho de comprar. Qualquer dia eu posto uma foto dos meus closets kkkkkkk

Concluindo então a fase da Mania, eu queria contribuir para o seu amplo entendimento com um ponto de vista bem pessoal, baseado em minha vivencia. Veja bem, por ter acompanhado vários surtos de Mania do meu pai e eu só ter vivido surtos de Hipomania, me sinto muito a vontade para traçar paralelos entre estes dois estados. No meu entender, apesar da Mania fatalmente acabar em sanatório, não se pode dizer que ela é pior que a Hipomania, pois a verdade é que por ela ser mais intensa e alarmante, pelo menos a família facilmente percebera esta alteração e ficara de cima do paciente evitando que ele cause danos maiores. Por outro lado, a Hipomania é silenciosa, insidiosa, vem aos poucos, dura mais tempo e nem a família muito menos o Bipolar é capaz de se dar conta disto. Então, como se estivesse mascarada, ela me conduzia muito sutilmente para situações que só muito depois eu enxergava. Um grande complicador aqui é o fato amplamente estudado hoje de que o Bipolar na Hipo ou na Mania passa por um acentuado aumento em sua sexualidade. Segundo as palavras do Dr. Lincoln Andrade, não se pode falar das consequências da Mania e Hipomania sem considerar o intenso aumento da libido. Eu só sei que, tudo isto acumulado só pode acabar como diz uma amiga minha, em “CATÁSTROFE”.

Ali era a loucura, mas também a luz o êxtase, quando só a família do Bipolar sofre enquanto ele esta no transe. Mas este mesmo carinha que foi Deus ou São Pedro, também escorrega para as profundezas do inferno, na desumana Depressão. Não se assustem se passo a escrever com raiva, ódio até. Mas a verdade é que a Depressão destrói de maneira cruel tudo que temos de positivo dentro de nós. A autoestima vai a zero e você passa a se sentir o último homem da face da terra, nada além de um monte de lixo. Se olha para traz não é capaz de enxergar nada de valor que tenha feito, tudo se transforma em uma sucessão de fracassos.

Você não tem mais ânimo para nada, ficar na cama é ao mesmo tempo a melhor e a pior opção que tem. Se fica na cama os pensamento psicóticos e recorrentes se intensificam e a tortura é gigante, se sai da cama, vai sair para ver pessoas normalmente vivendo a vida deles e você passa querer se trocar por qualquer um deles, querer ser como eles. A angústia se instala e é quase palpável, da para sentir nas mãos. A sensação de inutilidade vai crescendo, a falta de perspectiva é total, o desespero vai tomando posse e você quer, por todas as maneiras, acabar com aquele sofrimento. Então, nesta busca ensandecida para acabar com aquilo, a ideação suicida começa a se tornar algo plausível!!!

Todavia, para quem esta passando por esta situação ou ainda pode passar, quero deixar de novo minha experiência própria: SUICÍDIO NÃO É A SOLUÇÃO, acredite que tem vida depois da morte, nada vai mudar como em um passe de mágica, a angústia pode não ter fim. Tive minha primeira Depressão ainda com uns 14 anos, hoje estou com 70 e se tenho um trunfo que ninguém me rouba é o de que, apesar de tudo, e estou vencendo. Para além disto, você precisa ter em mente que, segundo a Dra. Key Redfield, de Harvard e uma das maiores estudiosa da Bipolaridade afirma que, nos períodos entre crises, o Bipolar é dotado de grande poder criativo chegando às raias da genialidade. E então, você já tentou por isto para fora??

Finalizando, queria ressaltar a importância não apenas dos tratamentos medicamentosos ou alternativos, mas também da família. Ela é o suporte máximo que um Bipolar pode ter, principalmente para guiá-lo nos momentos em que seus escorregões são trágicos; sentir nas mãos. A sensação de inutilidade vai crescendo, a falta de perspectiva é total, o desespero vai tomando posse e você quer, por todas as maneiras, acabar com aquele sofrimento. Então, nesta busca ensandecida para acabar com aquilo, a ideação suicida começa a se tornar algo plausível!!!

Todavia, para quem esta passando por esta situação ou ainda pode passar, quero deixar de novo minha experiência própria: SUICÍDIO NÃO É A SOLUÇÃO, acredite que tem vida depois da morte, nada vai mudar como em um passe de mágica, a angustia pode não ter fim. Tive minha primeira Depressão ainda com uns 14 anos, hoje estou com 70 e se tenho um trunfo que ninguém me rouba é o de que, apesar de tudo, e estou vencendo. Para além disto, você precisa ter em mente que, segundo a Dra. Key Redfield, de Harvard e uma das maiores estudiosa da Bipolaridade afirma que, nos períodos entre crises, o Bipolar é dotado de grande poder criativo chegando às raias da genialidade. E então, você já tentou por isto para fora??

Finalizando, queria ressaltar a importância não apenas dos tratamentos medicamentosos ou alternativos, mas também da família. Ela é o suporte máximo que um Bipolar pode ter, principalmente para guia-lo nos momentos em que seus escorregões são trágicos.

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