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Corpus Christi: a parábola dramatizada

Corpus Christi: a parábola dramatizada


Aproximava-se a Páscoa do ano 33. Por esta época se daria curso a festividade religiosa que atraia as maiores multidões da Palestina. Peregrinos incontáveis de todas as regiões da província bem como da diáspora judaica que viviam nas cidades do Mediterrâneo acorriam para Jerusalém para participar da grande festividade que relembrava a fuga do Egito ocorrida 1300 anos antes. A população de Jerusalém quase duplicava nesta festa. A Páscoa deste ano seria marcada para a posteridade pela crucificação cruel e injusta de Jesus na sexta-feira, Durante esta semana, que iniciara no domingo de ramos, o Mestre dormiria em Betânia, distante duas horas de caminhada de Jerusalém para onde se dirigia bem cedo e passava o dia no grande Templo israelita. A programação da Páscoa incluía a ceia Pascal que relembrava os cordeiros mortos pelas famílias judaicas para espargirem sangue nos portais das portas para evitarem a última praga na fuga do Egito. Normalmente era realizada na sexta-feira, mas Jesus antecipou, para quinta-feira pois sabia o que aconteceria na sexta e precisava de um último momento com seus apóstolos para trazer as recomendações finais. Na famosa ceia Pascal, retratada por muitos de pintores, incluindo Leonardo Da Vinci, Jesus trouxe lições importantes que só poderiam ser apresentadas num momento íntimo, sem a multidão que sempre O acompanhava. Além disso os apóstolos não sabiam o que aconteceria no dia seguinte e Jesus queria estar com aquele grupo de homens que o acompanhara nos dois últimos vivendo a rotina do seu ministério público. A ceia teve início de forma surpreendente com a famosa passagem do lava-pés onde Jesus mais uma vez procurou ensinar aos apóstolos e a humanidade que Ele tinha vindo para servir e não ser servido. Qual é o maior: o que serve ou é servido? Dos vários ensinamentos gostaríamos de registrar dois. O primeiro a promessa de enviar um outro consolador para a humanidade. Ora Jesus é o consolador espiritual de todas as escolas cristãs entretanto o Espiritismo é o outro consolador, isto é, para o intelecto através da fé raciocinada. O outro é a parábola dramatizada do pão e do vinho, referenciada apenas nos evangelhos sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas). Talvez a mais misteriosa de todas. Enquanto ceavam Jesus o tomou o pão, benzeu, partiu e deu a seus discípulos. Parecia apenas gentileza, entretanto o Mestre afirmou: “Tomai e comei, porque este é o meu corpo”. E tomando o cálice, deu graças e o apresentou a eles, dizendo: “Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos para remissão dos pecados”. Corpus Christi (expressão latina que significa Corpo de Cristo) é uma comemoração litúrgica católica que ocorre na quinta-feira, cerca de sessenta dias após a Páscoa, para testemunhar publicamente a adoração e veneração para com a Eucaristia, principalmente no sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo. A origem da solenidade remonta ao século XIII por influência das visões da freira agostiniana belga Juliana do Convento de Mont Cornillon. A Eucaristia é o principal dos sete sacramentos (rituais) da Igreja, consoante o qual, através de palavras pronunciadas pelo padre durante o ofício da missa, pão e vinho se transubstanciam, respectivamente no corpo e sangue de Jesus, dizendo: “Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos para remissão dos pecados”. Como já mencionamos os apóstolos não tinham a menor ideia do que iria acontecer na sexta-feira. Jesus seria crucificado cruelmente. Indiretamente Jesus anunciava a sua morte violenta, com a separação do corpo e do sangue. Precisamos ver o símbolo espiritual neste sacramento, e não o símbolo material do corpo do Jesus humano, como ele pudesse espiritualizar a alma. O que alimenta, sustenta e dá a vida a nossa alma é o cristo interno que se manifesta com a nossa espiritualização. O próprio Mestre afirmou ser o pão da vida. Quanto ao vinho, como estava na festa da Páscoa onde não se comia pão fermentado, conhecido como pão ázimo, era natural que a bebida fosse mais um suco de uva porque o vinho é produzido por fermentação. Para se obter o suco as uvas eram pisoteadas, representando as lutas materiais para que o espírito evolua. Lembramos que nos Prolego menos do Livro dos Espíritos, Allan Kardec colocou o desenho de uma videira simbolizando a evolução espiritual. Por fim é dever de todo o cristão lembrar os martírios de Jesus na cruz a nosso favor, exemplificando que a verdadeira vida é alcançada após cada um tomar a sua própria cruz e seguir os ensinamentos do Mestre inesquecível.

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