top of page
  • Foto do escritorGRESG

Elisa na Ilha do Sol - Capítulo 8

Atualizado: 11 de dez. de 2020

O Feitiço

Ali existiam vários mistérios a serem desvendados e o Feitiço é um deles. Afinal o que é o Feitiço? Elisa caminhava rodeando uma encosta enquanto se perguntava. Pode ser algo que se deseja conquistar sem que haja algum esforço, recorrendo ao feiticeiro que, através da magia, realiza o desejo do consulente. Isso é próprio de pessoas bem primitivas que ainda não sabem manipular os ritmos da vida e buscam recursos externos. Elisa então se lembrou de um dia, naquele passado, em que tentou recorrer a um desses artifícios para conseguir algo, na época, muito importante para ela. Foi numa noite de lua cheia, próximo dos locais onde os lobos costumam uivar, amedrontando. Porém, era preciso tentar, na concepção antiga, uma ajudinha para a Elisa criança. E, a par com alguns apetrechos requisitados pelo feiticeiro, demandou com seu carro esportivo aqueles caminhos ermos, sozinha, como Chapeuzinho Vermelho em busca do seu lobo. Enquanto ia, pensava:

– Eu preciso conquistar isso!

Há segredos guardados a sete chaves no escaninho próprio de cada pessoa. Segredos não se contam, daí que não diremos o segredo de Elisa, naquela noite de lua cheia. Ao chegar no pórtico havia uma enorme cabeça de touro com chifres mal cheirosos e amedrontadores. Muita vegetação mal cuidada tentavam adornar a entrada. Castiçais retorcidos e enferrujados portavam velas acesas e aquilo formava um caminho parcamente iluminado que ia dar a uma choupana de sapé, também mal cuidada. Um cão com cara de maus amigos observava à distância, contido, talvez, pelas ordens do seu dono. Sons estridentes vinham de dentro da choupana. Elisa estava com muito medo e mesmo assim caminhava em direção a ela. Era preciso chegar e dizer. Dizendo esperava encontrar o que procurava. Um som desconhecido ainda se fez do lado de fora da choupana. Elisa parou para tentar entende-lo. Não. Nada inteligível. Medo, apreensão, angústia, estresse, aceleração cardíaca, vontade de desistir, vontade de continuar. Tudo isso aconteceu com a aventureira noturna em campos desconhecidos. Mas, ela persistiu. Era daquelas que não desistia fácil, tanto assim que conquistou o direito de explorar sua Ilha do Sol.

Chegou à porta de entrada. Murmúrios evocativos se ouvia de dentro. Era preciso uma ordem para entrar. Essa ordem não vinha e Elisa teve que aguardar enquanto ouvia o uivar dos lobos despedindo-se da lua. Já, já, entrariam na carreira evolutiva dos cães, onde a lua não exerce mais tanta influência como outrora, desde os insetos. Tomou de um lenço que guardava na bolsa, enxugou os suores. Humanos necessitam desses recursos! Aguardava. O tempo se diluiu ali, pois, não soube quanto tempo teve que esperar. Até que um dragão em forma humana abriu a porta escondendo-se por detrás dela. Elisa sentiu que deveria penetrar. Muitos apetrechos e estatuárias. davam um tom de mistérios mal resolvidos naquele lugar estranho. Havia muitos retalhos em tiras, quadrados, retangulares, ovalados e em círculos, espalhados pelo chão, tentando imitar a Cosmicidade plena que se vê aos plenos olhares em noites virtuosas e celestiais muito além dos Feitiços.

– Por que esta imitação tão insignificante? Interrogou-se Elisa.

– No reino da magia constrói o homem com os seus parcos recursos o que a Divindade construiu com o seu infinito de possibilidades. Assim, ensaiamos ser deuses! No reino da magia há que se entender de símbolos, caso contrário não se tornará mago. Falou o feiticeiro, de cócoras e de costas, respondendo ao pensamento de Elisa.

– Símbolos... O Homem e seus Símbolos! Será que os deuses do Olimpo que até hoje animam mentes humanas, eram assim tão simbólicos ou se tornavam magos, pobres e simples para ensinar às crianças ainda distantes da Ilha do Sol?

Elisa não permitiu que este seu sentimento de angústia virasse pensamento, senão o feiticeiro ouviria.

– Vai que ele é um feiticeiro irritado!

E foi ali que a menina iniciou sua conquista maior. Vendo aquela pobre imitação da Cosmicidade Superior, Elisa tentou construir a Divindade em si, que não imita, mas é. Que não se chega a Deus, mas que se aproxima. Elisa podia retornar. Toda a magia estava feita. Ali, naquele local deu um salto para frente, onde muitos saltam para trás!

– Sei do seu desejo. Quer mesmo que se realize? Elisa foi perguntada.

– Não antes de entender a magia dentro da magia. Falou a menina em vias de crescimento.

– É tudo simples. Basta saber dialogar com as energias.

– Há diálogo com elas?

– Assim como se muda o rumo das velas ao sabor dos ventos.

– Quero!

– Queira, então!

A verdadeira magia está no querer. Por ele transportam-se montanhas, como se sabe.

– O que é a magia? Perguntou Elisa

– Fazer o que deseja fazer. Tudo está disponível. Enquanto não se sabe fazer, o mago realiza conforme é solicitado. Energias fluem em ondas que constroem ou destroem. Tudo está no querer. Falou o mago impulsionado pela força que conduzia Elisa. Afinal, era necessário conquistar a Ilha do Sol.

– E por que essa imitação do Cosmo, nestes panos sujos e sem estrelas brilhantes?

– Para se apropriar do todo como estímulo. Olhando a imitação, evoca-se o real. O lado de fora intui o lado de dentro a realizar. As estrelas são os eixos da criação. Há que ser sábio para construí-las. Isso não compete às crianças. Há que ser justo para fortalecer e ampliar a inteligência.

– Então as velas, os castiçais, o caminho de fora...

– Evocam as luzes de dentro e o caminho a se chegar!

– Os chifres, o touro, a vegetação...

– Representam a saída do vegetal e do animal. É preciso transpor o pórtico para adentrar na Cosmicidade real e fazê-lo com garra.

– Os lobos, o cão...

– Linha entre o antigo e o novo. Esta é a magia! O cão não retorna ao lobo, o homem não retorna ao cão. Não se volta nunca! O lobo ensaia ser cão e o cão ensaia ser homem que ensaia ser anjo.

– O dragão que abiu a porta...

– A força que impulsiona a romper obstáculos. Às vezes é preciso do fogo para purificar o caminho que se abre a cada um. A água permeia, o fogo lambe. Sem eles não haveria vida e a evolução ficaria presa.

– E os sons?

– Saem de cada um e de conformidade com suas heranças pessoais.

– Eu queria...

– Não precisa. O que você queria era entender o caminho através de um artifício. Agora já sabe que o real não necessita artifícios. Você sabe. Outros não e precisam da magia que os impulsione. Pode ir. Você foi o mago do seu próprio destino. Entende agora o que são magos e magias?

– Buscar no outro a força que temos dentro de nós?

– E realizar-se por ela.

– Enquanto isso o outro, mal intencionado, pode manipular e explorar.

– Paga-se sempre o preço da inoperância!

– Não preciso de magos. Adeus.

Elisa saiu dali muito aliviada. As coisas da magia sempre ofuscaram suas pesquisas. Queria saber um pouco mais sobre elas. Percebeu que a magia e os magos existirão enquanto o homem permanecer nas faixas iniciais da razão, sem ímpetos de avançar. Num planeta pequeno como este, essas coisas pequenas se agigantam. A magia maior é o despertar da consciência. Desperta, poderá fazer coisas não mágicas, mas reais. Então, o segredo da magia é deixar de ser Maya para que o real se estabeleça. É mesmo como a criança que deixa de ser para que o adulto surja e sorri das coisas da sua infância! Não há ninguém no Universo disponível para fazer o que compete a cada um. A Ilha necessita ser continente e depois mundo, muitas moradas na Casa do Pai! Isso não é magia que encanta olhares infantes. É caminho, ritmo e canção. Cada qual traz em si, sua própria canção.

Depois a menina-moça despertou na Ilha do Sol, feliz por ter ido ao encontro da sua magia ou: Cosmicidade! Medo, apreensão, angústia, estresse, aceleração cardíaca, vontade de desistir, vontade de continuar. Tudo isso

37 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo

2 Comments


Gresg Saint Germain
Gresg Saint Germain
Dec 18, 2020

RESPOSTA PROF. GUARACI SILVEIRA: Dalto Luna, em nossas ações necessitamos forças para realizá-las. Quando a proposta é o crescimento espiritual, mais forças necessitamos uma vez que por milênios utilizamos forças apenas para as coisas visíveis do reino material. Romper esses obstáculos materiais necessita determinação. Dragões são símbolos da força propulsora para o que desejamos. Então, o crescimento espiritual necessita da apropriação dessa força para rompermos com o comum ao qual estamos acostumados. Buscar o espiritual é iniciar a jornada definitiva para o retorno a Deus. Fogo e água são energias com as quais convivemos o tempo todo em nossos corpos ou locais. O fogo é a energia que dinamiza os músculos para agir e água energiza o corpo no sentido…

Like

Gresg Saint Germain
Gresg Saint Germain
Dec 18, 2020

Dalto Luna fez uma pergunta ao Prof. Gustavo Silveira: Quando fala do dragão que abriu a porta, explica que o dragão é a força que impulsiona a romper obstáculos. Sinceramente, não entendi. O que quer dizer com "A água permeia, o fogo lambe. Sem eles não haveria vida e a evolução ficaria presa."

Like
bottom of page