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Elisa na Ilha do Sol - Capítulo 18

Falando Sobre Elisa


Um dia um observador tomou de um posto na Ilha do Sol e começou a observar Elisa. Não que ele fosse um censor. Isso já não acontece quando alguém acha sua Ilha e começa a residir nela. Talvez ele a observasse para tirar lições para outros que ainda não conheceram este espaço em si. De forma tranquila assentou-se na protuberância de uma montanha em relva e viu quando Elisa saiu em busca de algo. Ela caminhava solene, como devia ser. A nobreza é um traço marcante em pessoas assim e seus passos quase flutuam. O feminino é o polo ideal, uma vez que liberto das rudezas pelas conquistas territoriais. Agora, tudo para ela já estava consolidado. A menina moça caminhava quando encontrou um Esquilo. Ele estava saltitante ao seu redor e Elisa tentava brincar com ele. Mas, esperto como quê, o animalzinho a observava enquanto saltitava em torno da moça menina. – Queres brinca comigo? Perguntou Elisa. – Brincar não. Quero te ver bem de perto. – Por qual motivo? – Prevendo meu futuro. Respondeu o Esquilo. – Futuro? – Sim. Então não sabes que tens um pouco de mim em ti? – Tenho? – Sim. Funciona como um raio que expande quando necessitas das agilidades e habilidades que tenho. Tudo em você é o reflexo de todos nós reunidos e que ainda habitamos o reino dos instintos. Elisa ficou pensativa. E se lembrou das aulas de Filogenia que obteve com emérito professor quando de suas andanças pelas salas de aulas. Também dona Hermínia, sábia por natureza, havia dito muito a ela num daqueles serões felizes que encantavam crianças em formação. Sim, há em nós uma fita e nela tudo está escrito. E tudo nela vai se escrevendo, lembrou Elisa. O Esquilo se viu projetado nela e sorrindo lhe disse: – Quero mesmo chegar ao posto que já chegastes. Sei que meu caminho é muito longo, mas não desisto. Aliás, esta é a marca de nós, animais irracionais. Não desistir nunca, pois nosso próximo posto e chegar ao homem. Elisa se esquivou um pouco. Quantas vezes em suas andanças como humano tentou desistir porque o vestido não se ajustava ao seu corpo, ou o alimento estava salgado ou sem sal, porque a viagem querida não aconteceu ou mesmo porque deveria purgar os males que ela mesma adquiriu por escolhas levianas. Assim acontece com muitos humanos rebeles que tentam desistir. E, aquele Esquilo estava confiante. Acreditava ele que seria um humano diferente. Tomara mesmo que seja! O Esquilo ficou mais um pouco e depois se foi. Era apenas um passeio estágio no seu futuro assim como muitos fazem na imensa casa de Deus. Olhar o futuro para honrar o presente. Elisa continuou seu belo caminhar na Ilha que era somente sua. E sentia em cada passo a responsabilidade de possuí-la. Mais à frente deparou-se com um pé de uma fruta da sua preferência. Era vistosa a árvores e saborosa a fruta. Elisa se deliciou com suas lembranças sobre às vezes em que a deteve nas mãos. A fruta também conversou com a menina: – Eis-me aqui trazendo-te de volta ao teu passado. – Passado, presente e futuro existem? – Coexistem, enquanto ciclos. Respondeu-lhe a fruta. Enquanto sou fruta sou teu passado, sou o presente para mim e tu és o meu futuro. Belas observações da fruta. Elisa meditava. Enquanto isso a fruta lançou-se nas mãos de Elisa e pediu: – Por favor saborei-me como nos outros tempos. – Como posso saborear-te, se conversamos como amigos? – És para mim a seiva dos meus avanços. Sou para ti a lembrança dos teus antigos passos. Assim, saboreando-me estaremos nos completando. Ao penetrar em ti, adquirirei a força que possuis e tornar-me-ei mais robusta. Enquanto tu te tornarás ainda mais senhora das lembranças e efeitos que tens em ti, do teu passado de buscas. Elisa olhou aquela fruta que era sua preferida de outros tempos. Olhou para o seu jardim e a flor de sua preferência curvou-se em reverência àquela justa senhora como a autorizála a saborear a fruta, novamente. Enquanto o fazia, a fruta entoava uma canção e na canção ela dizia: “Obrigada, Senhor Que me escolhestes para servir. Assim, servindo serei servida. E sendo servida crescerei. O que possuo doou com alegria E esta alegria norteia meu passo seguinte. Viver e doar. Doar e receber. Obrigada, Senhor” Naquele momento o observador de Elisa pegou de um aparelho ultra moderno para os nossos dias e gravou para indexar nos anais do Universo o momento em que Elisa descobriu que tudo na natureza doa e recebe e só assim os crescimentos acontecem. O que não participa deste cantar magistral, fica perdido em busca do ninho que vai em busca de outro pássaro que gorjeia esta canção. O Esquilo surgiu de novo e lhe disse em tom muito severo: – Também me sirvo daquele que me doa o alimento que necessito e sou feliz por isso. Mas, também sou feliz quando doo alimento que de mim o outro necessita. Então doando, cresço. A canção da sua fruta também encaixa em mim e também a canto, porque aprendi quando passava pelos encantos da fruta. Elisa a tudo ouvia e se movia em seus avanços porvindouros. E se indagava: – O que posso doar de mim neste momento? Uma nuvem surgiu lá nas alturas e lhe disse: – Doe-me tua atenção. Quando me olhas sinto tuas vibrações e elas me impulsionam. Estou a procurar afetos que me tornem um mineral. Então, teu olhar é o olhar de uma deusa enquanto sou apenas moléculas esparsas em busca de um sólido que me estabeleça de pronto na terra que me alimenta. Elisa estava imersa em tudo aquilo: gás querendo ser mineral que depois seria vegetal, mais à frente animal para enfim chegar a ser humano rumando para sua angelitude. Elisa estava neste caminho, mais próxima da estrada que conduz à angelitude. E viu que todos se ajudam e se dependem e que quanto mais se cresce, mais se apodera de si, das experiências vividas que robustecem o que virá. É sempre assim, quando se vai pra valer, todo o passado vira presente e todo o futuro também. Saímos do espaço-tempo e tudo se faz e se movimenta dentro do eterno presente que nos seus volteios nos leva ao vivido para rever e ao que virá como estímulo. Aquela manhã para Elisa transcorreu de forma segura, pois para ter tal experiência é necessário a segurança da Ilha. Enquanto isso, há o perambular nos campos criados pelas incertezas e pelas perigosas alternâncias que podem levar e trazer de volta, porém prendendo nas saudades ou nos galhos retorcidos dos desafetos ou dos tortos constructos de uma vida ainda embrutecida pela aridez das terras sem o dreno dos céus. O observador entendeu que Elisa vivia experiências próprias para ela, por sua individualidade e por suas histórias. Por sua psique e seu coração, por suas expectativas e aprumar-se para elas, uma vez que havia vencido o estigma do medo. Enquanto isso não acontece, a Ilha do Sol fica distante de nós.


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