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Parte 2 - Capítulo 5: "Prelúdios de reencarnação"

Atualizado: 9 de ago. de 2023

SEGUNDA PARTE

OS DEPARTAMENTOS


CAPÍTULO V

Prelúdios de reencarnação


"Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus." "Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo." JESUS-CRISTO - O Novo Testamento. (16) (16) João, 3:3 e 7.


O Departamento de Reencarnação localizava-se no extremo da Colônia, limite com as regiões consideradas propriamente espirituais e era composto das seguintes funções:

1 – Recolhimento;

2 - Análise - (Gabinete secreto, inacessível aos visitantes);

3 - Programação das recapitulações;

4 – Pesquisas;

5 - Planejamento dos envoltórios físico-terrenos;

6 - Laboratório de restringimento - (Gabinete secreto, inacessível aos visitantes).


Ali começava a aparecer o elemento feminino, pois grande parte dos trabalhadores dali eram Espíritos que foram evoluindo através de encarnações em corpos femininos. Porém, os postos chaves e a direção-geral do Departamento ainda cabiam a figuras masculinas.


Ao passarem das muralhas conseguiram, após quatro anos de hospitalização, contemplar os primeiros tons coloridos. Com surpresa, encontraram uma metrópole movimentadíssima, com edifícios soberbos, em estilo hindu.


A Índia lendária surgia naquelas avenidas, convidando à meditação, ao estudo e ao elevado cultivo das coisas sagradas da Espiritualidade. Naqueles palácios residia a verdadeira civilização hindu. Sentiam-se bem, esperançosos.


Guiados pelos amigos de Canalejas, entraram no belo edifício do governo central do Departamento. Irmão Demétrio, o governador, designou uma instrutora local para esclarecer sobre aquele novo momento da vida espiritual. Era uma jovem dama de semblante risonho, chamada Rosália, que vivera em Portugal na sua última vida terrena.


Rosália, disse que iniciaria as instruções agradecendo a oportunidade de servir e que via o louvável desejo de aprender e progredir floresce em cada uma daquelas mentes, pressentindo compensador futuro.


Todos os acolhidos no Instituto, que queiram recapitular experiências terrenas, podem fazê-lo desde que antes ingressem em um estágio de um a dois anos neste departamento, para depois exercerem as atividades relacionadas ao corpo que irão animar.


Diariamente chegam Espíritos ansiosos por voltarem ao corpo a fim de repararem o passado, expiarem faltas e recapitularem o drama íntimo, vencendo assim o remorso esmagador.


Apresentam-se à chefia, são encaminhados à seção do Recolhimento, onde se farão seus registros relativos à Terra e farão sua admissão no internato.


Depois de instalados, os técnicos da seção de Análises ajudam, estudando as tendências características de cada interno, fazendo-lhes a psicologia. Sua alma, seu ser e sua consciência mais profunda são investigados por esses seres superiores da falange de luz. Para isso, recapitulam o passado revelando tal como realmente é, sendo capazes de revivê-lo detalhadamente e mostrar para quem precisar examinar.


Uma vez concluídos os trabalhos analíticos do caráter de cada um, os técnicos fazem um relatório minucioso, passando então o caso à seção de Programação das Recapitulações.


Estas análises fornecerão as informações para a construção da nova vivência: os méritos e os deméritos do reencarnante, as quedas passadas mais graves, que exigirão mais urgência na reparação, e as concessões balsamizadoras que podem ser feitas.


Este trabalho pode ser doloroso e difícil, exigindo até várias experiências, ou uma simples revisão, quando o pretendente vem da região regeneradora.


Estabelecida a programação, concluído o esboço das lutas expiatórias ou reparadoras do reencarnante de acordo com suas possibilidades, previstas as expiações e as realizações, as facilidades a encontrar pelo caminho e as dificuldades a deparar durante o desenrolar da existência, a reencarnação poderá ser verdadeiramente traçada e encaminhada à direção-geral da Colônia, que a examinará.


Antes da encarnação, o Espírito poderá escolher as provações. Mas em alguns casos serão necessárias emendas, que tanto poderão se referir à diminuição das provas, adiando a solução de alguns problemas para o futuro, como ao aumento das reparações para um período mais curto, como que mais concentrado. Apenas os asilados do Manicômio não decidem por suas novas roupagens e reencarnam tal qual estão. Seu estágio na carne é apenas uma terapêutica imposta para corrigir o descontrole geral das vibrações.


Após aprovação pelo Alto, já se autoriza a preparação do aparelho físico-terreno para o aprendizado na crosta do planeta.


Então, que chamam de fatalidade não é nada mais senão o efeito de uma causa que o próprio homem criou no enredo das ações praticadas anteriormente na Terra, vivendo longe do bem, da moral e do dever, ou, no Além, como Espírito desnorteado e embrutecido nas trevas de que se rodeou. É ele mesmo, através dos seus atos, que determina a natureza - consoladora ou punitiva - do próprio futuro!


Sendo, então, um corretivo, tudo isso desaparecerá assim que se corrigir a causa que lhe deu origem, ou seja, o traço inferior da maldade que levou aos atos praticados. A própria expiação encontra-se tão arraigada na consciência do pecador que ele mesmo clama por esse expurgo. Não se trata de fatalidade, mas de um encadeamento harmonioso de "causas" e "efeitos” ...


Na grande antecâmara uma senhora esperava para esclarecer sobre o núcleo de Recolhimento. Era uma religiosa e usava um hábito muito belo. Guiou o grupo por algumas portas que davam para extensos dormitórios. Quando o asilado está pronto a retornar ao aprendizado da carne, se apresenta ao Departamento de Reencarnação, acompanhado dos Mentores que os vem assistindo. Passa a residir como interno aqui.


No entanto, geralmente, o suicida sabe que vai voltar à arena terrestre em duríssimas condições. Suas apreensões sobre o futuro vão aumentando a cada minuto, pois ele percebe com clareza o que o aguarda.

É bem verdade que, uma vez reencarnado, não estará separado de seus mentores. Ao contrário, continuará recebendo todas as atenções dos que zelaram na Colônia podendo mesmo continuar a ser recebido em desdobramento, aconselhado, instruído, confortado.

Mas ele sabe que, uma vez de posse do pesado fardo terrestre, já não será tão lúcido, e esquecerá a presença daqueles anjos-tutelares.


Muitos, apavorados com as perspectivas das expiações, pedem para prolongar um pouco mais a época do renascimento, e são atendidos. Em lágrimas, são reconduzidos, então, ao local de onde vieram e entregues a seus tutores locais, lá ficando sem outros progressos até que se decidam pela reencarnação.


Uma vez recolhidos, porém, não permanecerão inativos. Trabalham nos preparativos para o próprio renascimento e colaboram nas pesquisas para a escolha dos genitores que melhor convenham, embora, geralmente, os suicidas não reencarnam, para a expiação, nos círculos de afetos, e sim fora deles. Viajam à Terra, onde procuram estudar os hábitos a que terão de se adaptar, os futuros pais, procurando com eles se afinar, conhecê-los melhor e adaptarem-se aos seus modos.


Existem mesmo casos penosos, quando desgraçados, como aqueles do Manicômio, ficam detidos no Recolhimento, esperando que consigam genitores; eles terão um invólucro material entorpecido, anormal, representando angustiosa provação para os pais que os receberem.


Nestes casos, seus guias e dedicados Mentores estabelecem acordos com aqueles que têm possibilidade de se tornarem genitores e possuam débitos graves a resolverem perante a Divina Justiça.


Continuaram pelo Recolhimento, enorme internato com quatro pavimentos bem distintos. No primeiro, reuniam-se Espíritos provenientes de regiões menos infelizes da Colônia, ou seja, os internos e aprendizes do Instituto, já iniciados na Ciência da Espiritualidade propriamente dita. No segundo, os abrigados do Hospital Maria de Nazaré que preferiram reencarnação imediata, bem assim como os do Isolamento. No terceiro, os prisioneiros da Torre, e no quarto os do Manicômio. O elemento feminino ia para hospedagem idêntica, localizada, porém, em edifício separado.


Celestina mostrou onde o reencarnante seria registrado: seu nome, o local onde renasceria, a data do acontecimento, o nome dos pais, o período que deveria passar investido da existência planetária, etc., tudo ficaria arquivado!


Os internos viviam ali irmanados por idênticas preocupações, orientados pelos assistentes incansáveis, até quando a chefia do Departamento expedir ordens à direção do Laboratório de Restringimento para iniciar a operação magnética necessária ao caso do renascimento, assim como a atração para o feto, cujos elementos biológicos já se encontrariam em processo de desenvolvimento no óvulo fecundado, nas entranhas maternas, as quais seriam continuidade do Laboratório , sujeitas à vigilância dos técnicos e dos guias missionários do Espírito que iam modelando os corpos à proporção que se adiantava o fenômeno da gestação.


O molde ideal para se definir a forma desse feto em elaboração seria justamente o corpo astral - perispírito - do ser a reencarnar assumia, estruturado sob o magnetismo doentio de vibrações vindas de outros desgraçados suicidas.



Não foi permitida a entrada no "Laboratório de Restringimento", nem nos gabinetes de Análises. Mas explicaram que, ao se internar no Laboratório, poderosas correntes magnéticas o levariam para o corpo que deveria habitar, afinando-o com este, e harmonizariam o seu perispírito ao daquela que consentira, voluntariamente ou não, em ser sua mãe.


Durante a época dessa atração, que se opera lentamente, à proporção que a gestação progride, o condenado vai perdendo a pouco e pouco a faculdade das recordações do próprio passado, uma vez que seu corpo astral sofreu restrições necessárias à modelagem do feto. À proporção que se adianta o estado de gestação no seio materno, suas vibrações, mais e mais se comprimindo, vão limpando profundamente, na organização astral, as lembranças, as recordações, as impressões dos dramas do pretérito, produzindo-se então o Esquecimento imposto como Misericórdia.


Para o reencarnante, inicia-se um estado pré-agônico, fácil de ser compreendido em virtude do constrangimento que sofrem todas as suas faculdades, a sua mente, as suas vibrações! Que tal estado, muito penoso para qualquer Espírito, torna-se odioso a um suicida, dado que sua organização astral se encontra angustiosamente abalada com o choque sofrido pela violência nele operada pelo suicídio, e do qual só será aliviado muitos anos mais tarde, quando se verificar o desenlace natural e lento das cadeias magnéticas que o prendem ao novo corpo.


Passando, assim, por todas as dependências e obtendo sempre, ora de Irmã Celestina, ora de Rosália, ou de um e outro chefe de gabinete, valiosas elucidações, chegaram aos recintos reservados à Programação de Recapitulações. Ao ingressarem no confortável edifício onde se estabelecia aquela seção, fomos acolhidos por mulheres que consultavam as notas provindas dos gabinetes de Análises e as ordens do Templo e traçavam com sabedoria o esquema da existência que conviria a cada pupilo da Colônia que voltasse à Terra em vestes carnais.


Deixaram a seção de Programação de Recapitulações para atingirem a de Pesquisas. Grande número de funcionários colaborava ali, pois os serviços eram elaborados por grupos de dois a quatro personagens e um dirigente, dos quais recebiam incumbência da preparação de possibilidades para a reencarnação. Porém ainda eram poucos trabalhadores. Assim foi que encontraram, ajudando aqui, algumas personagens de outras localidades, tais como o próprio Teócrito, Romeu e Alceste; o Conde Ramiro de Guzman, chefiando outra comissão, da qual faziam parte os dois Canalejas; Olivier de Guzman, o emérito educador da Torre, ao lado de Padre Anselmo; Irmão João, venerável no seu porte impressionante de oriental, e vários outros, eficientemente prudentes e esclarecidos para o desempenho da alta missão conferida.


Reconheciam comovidamente a bondade desses servos do Nazareno, os quais, a exemplo do Mestre que tanto amavam, diminuíam-se também, detinham as próprias vibrações, materializavam-se, tornando-se densos e quase humanizados, no intuito de servirem à causa.


Admiravam-se por merecerem tão expressivas demonstrações de fraternidade e entendiam tinham que ser fortes para as consequências que teriam de viver até cobrir os déficits cobrados por suas próprias consciências. Acenderam-se em seus seres fachos de esperanças inapagáveis, que os fortalecem e reanimam, com a certeza de que a Eternidade é a sublime herança e, por isso, capacitando-se, deverão progredir incessantemente, enriquecendo suas faculdades com atributos que os levarão a atingir honrosamente planos magníficos da Espiritualidade, com a conquista deles mesmos para a felicidade arrebatadora


Que perseverem em formosas e edificantes resoluções pois que, assim sendo, os caminhos do progresso que serão aplainados e fáceis de vencer!... Todavia, não deixem arrebatar pelo esplendor do panorama divino da Vida. A evolução do Espírito para a Luz é bela e grandiosa, mas o trajeto é duro! Os espinhos semeiam essas estradas redentoras, exigindo do peregrino da Luz as mais ativas energias e sacrifícios. Será necessário algo mais do que o entusiasmo.


Mário descobre então que será mentorado por Teócrito e roga por urgente retorno à sociedade terrena para, acima de tudo, esquecer o passado, visando serenidade para desenvolver as ações apaziguadoras da consciência. Quer expiar e reparar!


A imagem humilhada e frágil de Eulina ainda enlouquece as fibras mais íntimas do seu ser e por isso Mário quer sofrer mais, entendendo que a trágica tormenta do Vale Sinistro não bastou! Não foi por Eulina que ali se debateu, mas por si mesmo. Prometeu, de joelhos, ser outra vez homem e arrastar uma existência sem as mãos que a estrangularam. Quis se ver tão indefeso, destituído das mãos, como Eulina destituída de forças, naquela noite abominável.


Realmente, esse será o recurso aconselhável para o caso dele, mas deve ponderar, no entanto, que foi também suicida e, por isso, as condições precárias do seu envoltório fluídico, modelador da futura estruturação carnal, levará a receber, com o renascimento, um corpo enfermo, debilitado. Ainda Teócrito aceitou o pedido e iniciaria em breve os entendimentos para os preparativos de tão melindrosas realizações.


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