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Parte 3 - Capítulo 2: "Vinde a mim"

TERCEIRA PARTE

A Cidade Universitária


CAPÍTULO II

"Vinde a mim"


Aníbal começou falando da urgência de cada um, quer do plano físico ou do Invisível inferior e intermediário, se reeducar sob as cristãs. Afirmou não existir misticismo nem fatos miraculosos e anormais no Cristianismo, ao contrário, este possui bases práticas por excelência, trazendo por finalidade a recuperação moral do homem para si mesmo e a sociedade em que for chamado a viver no seu longo caminho evolutivo. Os homens terrenos projetaram sombras sobre os ensinamentos de Jesus, desfigurando os ensinamentos e embotando o brilho da sua essência com alterações maculadas pela inferioridade pessoal de cada um.


Aníbal asseverou com veemência que só os conhecimentos das doutrinas expostas por Jesus de Nazaré permitiriam a reabilitação, preparando para a aquisição de uma nova e elevada Moral. De nada adianta ter toda a cultura e conhecimentos do mundo sem as normas da Moral do Cristo de Deus, em cuja aplicação reside a glória da felicidade eterna.


Ainda informou que sua primeira aula consistiria na sua apresentação porque seria necessário conhecê-lo intimamente, a fim de que seus exemplos estimulassem a todos. O mentor devia sempre apresentar seus próprios exemplos aos alunos, também para que aprendessem a amá-lo, a nele confiar, tornando-nos seus amigos, considerando-o bastante digno de ser ouvido e acatado.


Deve-se observar no mentor os efeitos inalteráveis de um caráter reedificado pelo amor de Cristo e redimido através dos preceitos do Cristianismo e seu Pastor! Então, o jovem Aníbal contou aos discípulos a sua vida – não apenas a existência última, na Itália durante a Idade Média, mas as variadas migrações terrenas no giro evolutivo e seus deslizes como Espírito em marcha.


Era com assombro que ouviam as palavras de Aníbal traduzidas em imagens. Enquanto falava, a realidade de suas reencarnações terrenas espirituais as imagens se reproduziam ali. Positivamente mais real que o cinema e mais convincente o teatro, porque era a vida em si mesma, natural, humana, realmente vivida, o retrospecto do pensamento de Aníbal foi passando gradativamente pela tela.


Após as informações divulgadas, o instrutor adolescente já era um ser amado de quem nunca iam querer se separar. As cenas que passaram na tela reprodutiva foram as recordações de Aníbal intactas e vivas, nas camadas profundas da Consciência. Sua longa e tumultuosa história encontrava-se gravada, assim como a história da Terra se acha arquivada nas camadas geológicas.


Por sua vez o corpo astral registra os mesmos depósitos que a Consciência armazenou através do tempo, arquiva-os, reflete-os ou expande-os conforme a necessidade do momento, bastando para isso a ação da vontade treinada (tal qual equipamento que fotografa e anima os pensamentos, as lembranças e recordações, reproduzindo-as, tal como se acham arquivadas no Espírito).


Essa é uma operação melindrosa que exige sacrifício por parte de quem está sendo acessado. Forneceram a Anibal e, envolvidos no ambiente dominado por um magnetismo superior, tinham a convicção de que viveram suas vidas com ele, quando na verdade apenas assistiram ao desenrolar do seu passado.


Não tardariam a conhecer as mesmas experiências de Aníbal, extraindo deles mesmos o passado que ainda dorme porque o suicídio é muito forte para se mostrar com tanta realidade. Todavia, não competirá a Aníbal orientar o grupo neste doloroso retrospecto...


O conhecimento presenciado agora, comum nos planos da Espiritualidade, um dia enriquecerá as aquisições intelectuais e científicas da Terra através da Ciência Psíquica Transcendental. Até lá o homem terá que se moralizar e desenvolver faculdades preciosas do Espírito para tornar-se digno de tão sublime aquisição.


Esse dom foi usado para a educação das primeiras massas cristãs. Seria difícil fazer alcançar a sublime compreensão do Evangelho apenas com a oratória. Jesus, compassivo e amoroso, senhor de poderes psíquicos incalculáveis e força mental maior, expunha suas formosas lições criando cenas e corporificando, dando aos ouvintes o regalo das visões interiores, criadas pelo pensamento fecundo e poderoso. É certo, porém, que nem todo mundo conseguiria compreendê-lo.


Mas os outros que acreditavam nEle, seguiam as ondas criadoras do pensamento luminoso e absorviam o ensinamento exemplificado de todas as formas. Seus discípulos, ao falarem dEle, inconscientemente projetavam recordações e pensamentos que, recolhidos pelos cooperadores espirituais, eram imediatamente corporificados para a visão do ouvinte sincero e de boa-vontade, o qual passava, então, não apenas a ouvir uma narração, mas a ela assistir, a vê-la como se estivesse presente nos feitos sublimes do Mestre.


A partir daquele dia assistiam periodicamente às aulas de Aníbal, que explanou, de princípio, as causas da vinda de Jesus à Terra. Um desfile de civilizações passou, gradativamente, pela tela mágica. O mestre falava e suas narrativas se humanizavam diante de todos, levando-os a examiná-las e estudá-las. Era empolgante, belo e comovedor, trazer à tona os séculos e a existência das sociedades, seus costumes, suas quedas, seu heroísmo, suas vitórias! Se apresentou a vida da Humanidade desde os primórdios, as falanges que iniciaram o próprio desenvolvimento moral e mental, nasceram e renasceram muitas vezes e, atingindo ciclos melhores em outras moradas do Universo, foram dando lugar a outras falanges, a outras humanidades, as quais, por sua vez, lutariam também, através dos renascimentos, trabalhando continuadamente em busca do mesmo progresso, enamoradas do mesmo alvo - a Perfeição!


Entretanto, durante esses estudos, eram as desgraças, tantos os sofrimentos, os problemas indefinidos, os desnorteantes complexos, lutas da humanidade ignorante da própria finalidade.


Em certa aula, Aníbal apresentou-lhes a figura inconfundível de Jesus, através das lembranças reproduzidas na tela magnética com o colorido vivo e sedutor da realidade! Então, a epopéia augusta do Cristianismo, desde a humilde manjedoura de Belém, desenvolveu-se, em estudos fecundos. As cenas descritas pelo expositor, que tão bem conhecera a época da Boa-Nova, mostravam os atos inesquecíveis do Divino Mensageiro, os discursos, as lições resplandecentes da mais elevada e pura moral, lançadas na Judéia humilde e oprimida, mas ecoadas pelos recantos mais longínquos do mundo, na forma de convites amistosos à regeneração dos costumes para o reinado do verdadeiro Bem, da confraternização pessoal e social, e da concretização de uma Pátria ideal na Terra.

A imagem do Mestre gravou-se, por assim dizer, em todas as mentes, tornando cada um enamorado do Cristianismo, predisposto a aquisições morais sob suas benéficas inspirações, pois, enquanto Aníbal narrava fatos e apresentava os cenários que serviam à ação magnificente do Grande Mestre!


E não apenas a Terra recebera a Boa-Nova, através de Sua palavra de redenção, mas também o Astral inferior, visto Ele possuir poder bastante para se apresentar em qualquer local.

Ali convertia Espíritos que há séculos permaneciam nas trevas da ignorância ou no ostracismo, assim como na Terra convertia homens estendendo Sua mão fraterna e redentora!


Aníbal dizia que o mundo terreno desconhece grande parte dos ensinamentos trazidos por Ele, porque foram destruídos muitos aspectos da Verdade Divina por Ele exposta, rejeitados pela má-fé ou pela ignorância presunçosa dos homens! Mas que, no entanto, soara o momento em que sua Doutrina Grandiosa seria apresentada para o conhecimento de todas as camadas sociais – a Terceira Revelação.


Os Espíritos presentes foram convidados a colaborar nesse movimento chefiado pelo Mestre, a fim de falar com os homens sobre a Terceira Revelação: intercâmbio de ideias entre os Espíritos e a Humanidade. Depois, ao finalizar o drama do Calvário, conheceram as pelejas dos discípulos pela difusão do evangelho, o martírio dos humildes e abnegados cristãos.



Estudaram profundamente tudo quanto foi possível sobre a Doutrina de Jesus, que tem origem no próprio pensamento divino, e que, sendo a Lei mesma estatuída pelo Criador de Todas as Coisas, um dia envolverá todos os setores das sociedades terrestres e espirituais!


Só então compreenderam a razão da súbita transformação daquela Maria de Magdala, tão sedutoramente apontada no Evangelho do Senhor; daquele Saulo de Tarso; e o que antes lhes parecia mito, fixou-se em seus entendimentos como fato lógico e irresistível.


Compreenderam o necessário para se abastecerem da Fé e da Esperança. Esse admirável curso requereu esforços e longos anos de dedicação, estudos incansáveis, assim como exemplificação e prática. Era a iniciação cristã rigorosamente ministrada, de forma a não deixar ensejos para futuros deslizes morais! Mas a caminhada era árdua e longa para muitos deles, que desistiam frente ao trabalho espinhoso e constante que seria imprescindível desenvolver. Todavia, chegavam a uma época em que já não era possível estacionar, mas reagir contra a fraqueza e a angústia, prosseguindo e adquirindo cabedais justos para a jornada futura.


"Vinde a mim, vós que sofreis, e eu vos aliviarei..." E eles atendiam ao irresistível chamamento e avançavam... e seguiam Jesus-Cristo, que promovia uma transformação miraculosa que em cada ser ali, encaminhando-os à redenção! Empolgados por esse curso esqueciam os dramas, o desequilíbrio, a Terra.


Não raro recebiam de outros antigos mestres. Ainda não tinham permissão para saírem da Colônia a não ser em grupamentos escoltados mas viviam rodeados de uma assistência seleta de educadores e intelectuais. Tal reclusão era então como uma dádiva a auxiliar no progresso.

Diariamente, ao entardecer, era permitido um passeio no grande parque da Universidade. Reuniam-se grupos homogêneos e conversavam. Seria difícil, ao fim de dez anos de internação no Instituto de Cidade Esperança, reconhecerem neles aquelas criaturas enfurecidas do Vale Sinistro, a reproduzir todo instante o ato maléfico do suicídio e suas satânicas impressões!

Acalentados pela Esperança, aliviados pelo Amor de Jesus, poderiam ser considerados normais se não fosse a consciência pesada, tornando-os indignos.


Do Templo partia o convite às homenagens à Protetora da Legião – Maria de Nazaré. Pelos recantos da Colônia ressoavam doces acordes e a direção-geral rendia graças ao Eterno pelos favores concedidos àqueles que viviam ali na Cidade Esperança.


Agradeciam ao Nazareno Mestre ou à sua Mãe boníssima, por entre lágrimas de sincera gratidão, as graças recebidas do seu amparo! A simples oração, despertava em todas as mentes as mais ternas recordações da existência: - reviam os dias da infância, as imagens carinhosas de suas mães. Choravam! E saudades da Família e do berço natal, do lar, dos entes queridos e amigos que foram feridos com o ato egoísta do suicídio.


Então oravam e viam aumentar a necessidade de se tornarem dignos dessa misericórdia que os amparou tanto - a necessidade de provarem seu imenso pesar por se reconhecerem graves infratores!

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