A piedade é irmã da caridade e uma das virtudes que mais nos aproxima do Amor Puro de Deus.
Quando choramos pela miséria e sofrimento de um irmão, essas lágrimas são capazes de aliviar as feridas e até levar esperança e resignação a quem sofre. Apesar de ter uma certa tristeza envolvida nesse processo, porque a piedade prescinde de alguma desgraça, se trata de um sentimento de devotamento, pois, ao sofrermos pelo problema de outra pessoa, esquecemos de nós mesmos. Logo, a piedade é abnegação. É amor. É entrega.
A piedade é o sentimento mais apropriado para o exercício de domínio sobre o egoísmo e o orgulho, e nos move à prática da humildade da beneficência e da aceitação do outro assim como ele é, porque nos impele a estendermos as mãos para ajudar os irmãos em sofrimento independente do que tenham feito e do momento evolutivo em que se encontrem. Esse ímpeto de amenizar seu sofrimento acaba por gerar laços de simpatia. Portanto não devemos abafar em nossos corações a comoção que sentimos ao ver a aflição do próximo, nem ficar indiferentes quando pudermos ser úteis.
Num primeiro momento pode parecer que não se envolver com o sofrer de um irmão trará tranquilidade, mas na verdade essa é uma indiferença culposa e constrangedora. Quando, porém, conseguimos sair da inércia e transformamos nossa piedade em ação – auxiliando, socorrendo e trabalhando em prol de um irmão infeliz – não apenas estamos ajudando, mas, ao recebermos um abraço de gratidão, sabemos que este reconhecimento será fixado no Céu em algum momento e dirigido à Espiritualidade, por ter enviado um amparo a esse dorido espírito.
É quando esse melancólico sentimento que é a piedade se consolida como celeste precursor da caridade, cujos benefícios ele prepara e enobrece.
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