Definir um termo como “saúde” não é algo simples. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição de saúde é “estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade.” Ou seja, precisamos entender o indivíduo além de algo apenas físico ou mensurável, passando a considerar a natureza e importância do seu aspecto mental e da qualidade de suas relações dentro da sociedade.
Sem pretensão de discordar da definição da OMS, muito pelo contrário, a doutrina espírita vem acrescentar que a saúde além dos aspectos citados, está totalmente ligada ao entendimento de que cada ser vivo tem em si um espírito imortal, com uma longa estrada de vidas passadas, de comportamentos, de escolhas, de consequências das suas decisões e atitudes. Na visão espírita a saúde e a doença podem estar relacionadas à reencarnação, ao livre-arbítrio, à lei de ação e reação e à estrutura do perispírito.
Infelizmente, na prática da medicina atual, esta definição não tem sido exercida em sua integralidade. Sem generalizações, pois sabemos que cada profissional tem sua forma de atuação, em muitos casos os atendimentos têm se ocupado muito mais da busca pela “cura” dos sintomas, do que da busca pela causa efetiva de uma determinada enfermidade. Quando o sintoma é resolvido, muitas vezes através da utilização de medicamentos e/ou tratamentos, se considera que a doença foi curada, mas isto não é verdade. Não estamos aqui criticando o uso de medicamentos e tratamentos, que naturalmente são necessários e primordiais na busca pela recuperação, mas sem o conhecimento da causa e do motivo gerador daquele mal, muitas vezes a doença retorna e um novo ciclo se inicia.
Médicos precisam aprender a perceber onde está a causa das enfermidades. Se não souberem a causa, irão tratar apenas a consequência. Pacientes, devem entender que são os principais interessados e responsáveis por sua cura.
No livro Rumo à ciência do espírito, Bezerra de Menezes cita: “A medicina moderna, ainda eivada de enganos do materialismo, necessita da urgente e decisiva orientação de novos conhecimentos para que não se perpetue somente na produção de confortos orgânicos, uma vez que não sabe ainda se basear nos postulados do espírito imortal para edificar a verdadeira saúde”
Dentro dessa ideia, apresentamos as doenças reais da humanidade: a raiva, o rancor, o orgulho, a crueldade, o egoísmo, a ganância, a luxúria e a vaidade. Quando nos deixamos dominar por estes sentimentos, que infelizmente são comuns a todos os seres humanos, estamos muitas vezes permitindo o surgimento das doenças em nosso organismo e nossa mente. Joanna de Angelis, no livro Plenitude diz: “A somatização dos problemas emocionais que decorrem da insegurança e do medo, da mágoa e do ódio, do rancor e do ciúme é responsável por graves patologias orgânicas, assim como as diversas enfermidades físicas, produzindo distonias emocionais e perturbações psíquicas lamentáveis”.
O que popularmente chamamos de doença é o estágio final de um distúrbio muito mais profundo, é o efeito em nosso corpo ou mente de forças que estão há muito tempo em atividade. Cabe salientar que por mais cruel que essa afirmação pareça, muitas vezes a doença é benéfica. Através do conhecimento de sua causa, teremos um caminho que nos guiará e em direção aos nossos principais defeitos, nos possibilitando mudar e evoluir.
O real sentido da palavra saúde está ligado então a um termo bastante citado no espiritismo - a reforma íntima. Controlando nossos maus comportamentos, nossos vícios morais, evoluindo como seres humanos, também protegeremos nosso corpo das enfermidades e seremos saudáveis fisicamente, mentalmente, socialmente e espiritualmente. Não estamos dizendo que não teremos doenças, muitas vezes elas fazem parte do que necessitamos no nosso plano reencarnatório, mas com certeza a mudança necessária e a evolução serão escudos de proteção do nosso corpo, mente e espírito para o futuro.
Colunista Marco Aurélio Carvalho
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