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O Significado do Natal na Visão Espírita - Celso Andreoni

O SIGNIFICADO DO NATAL NA VISÃO ESPÍRITA


O título parece nos propor a exploração das diferenças, num entendimento plural, do significado do Natal. Mas o que devemos entender como uma visão espírita? Talvez uma visão que deva considerar coisas nas quais cremos, comparativamente a outras ideias religiosas, como reencarnação, mediunidade ou quaisquer particularidades bem estudadas da vida do Espírito. Mas, não: a visão espírita a respeito de qualquer coisa tenta ser, antes de tudo, uma visão cristã e entenda-se como cristã a visão não necessariamente relacionada com determinada religião, mas a daqueles que pautam a própria conduta como seguidores do Cristo. Falamos, então, de uma visão nunca sectarista, que considera e respeita a relatividade do conhecimento do próximo e que opta por buscar e sustentar o bem em tudo.


Fica claro, assim, que a visão espírita considera as pessoas independentemente do significado que o Natal tenha para elas. Veremos que o Natal significa, para as pessoas, não apenas a comemoração do nascimento de Jesus, mas também uma festividade que conta com outros elementos e francamente aceita como manifestação cultural globalizada.


Comemoramos o Natal no dia 25 de dezembro, mas não se sabe, de forma precisa, quando Jesus nasceu. O que os historiadores fazem é tentar relacionar o seu surgimento a fatos e pessoas, na História, como, por exemplo, o período do reinado de Herodes ou que Augusto era imperador em Roma, ou ainda que se sabia que Jesus começou a pregar quando contava com 30 anos. Além disso, desde a vinda do Divino Mestre, ao longo do tempo passamos por convenções diferentes para a medida do tempo. A bem da precisão, seria necessário que se soubesse a que data do calendário gregoriano corresponde o dia em que Jesus realmente nasceu. Mas, por que, então, o dia 25 de dezembro? Tudo indica que esta data foi escolhida arbitrariamente pela Igreja na nascente condição cristã do Império Romano, para rivalizar com as comemorações do dia do Deus Sol Invicto, reverenciado pelos pagãos e patrono das legiões romanas. Mas a data, precisa ou não, não é o mais importante, ou o que faz o espírito natalino e sim a disposição das pessoas para isso.


Segundo Emmanuel, em A Caminho da Luz: “(...) a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o mundo, de vez que o Evangelho seria a eterna mensagem do Céu, ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese da assimilação do homem espiritual, com respeito aos ensinamentos divinos.” Portanto, cremos, nós, cristãos, que devemos reverência a Jesus, não apenas no provável dia do seu nascimento, mas a cada segundo das nossas vidas.


Mas o que falar da visão das pessoas, de forma geral, sobre a maneira como se comemora o Natal? Nicolau foi um clérigo nascido em Mira, hoje Turquia, que chegou a ser preso, na perseguição movida aos cristãos pelo Imperador Diocleciano, mas sob o império de Constantino voltou à ativa, sendo impedido, porém, de exercer cargos na Igreja por discordar acerbamente de seus pares. Como tinha recursos, decidiu-se por uma atuação independente, ajudando as pessoas das mais diversas maneiras, suprindo necessidades, principalmente durante os festejos de final de ano, quando deixava presentes para filhos de pessoas sem nenhum recurso. Por ser considerado pessoa boníssima, virou um ícone desta época, tendo alguns milagres atribuídos a ele, sendo canonizado. Surgiu, assim, São Nicolau ou Santa Klaus e a tradição do santo de barbas brancas que deixava presentes, principalmente para as crianças.


A tradição se espalhou, sofreu influências culturais, atravessou o Atlântico e, nos Estados Unidos, um cartunista criou a figura do velhinho de vastas barbas, roupa vistosa em vermelho e branco, que surgia num trenó alado cheio de presentes e puxado por renas. Logo essa imagem seria aproveitada e massificada para propaganda de conhecida empresa de refrigerantes. Entendemos, assim, que os festejos de Natal tiveram seu desenvolvimento na combinação entre tradições da Igreja, tradições populares e o interesse comercial. Mas não é incomum ouvirmos, a cada ano, alguém tecendo críticas ou lamentando que na época do Natal Papai Noel seja mais lembrado do que Jesus, o aniversariante. É bem possível que os críticos e os que lamentam, não conheçam tão bem a Jesus como pensam, como é muito melhor que os criticados vivam momentos em que se preocupem mais com a alegria dos outros, que troquem presentes, do que se não agissem assim e vibrassem com atitudes e pensamentos negativos.


Em época de festas, mesmo com todas as limitações de entendimento, muitas dessas pessoas reatam amizades, perdoam faltas, são mais gentis e se mostram mais fraternas, que é justamente o que recomenda o Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. Graças ao espírito natalino, essas pessoas se sentem compelidas a dar do seu melhor e ao nos sentirmos felizes em vê-las assim, estaremos todos comungando com esse espírito. Evidentemente que existem excessos, mas não parece muito cristão que esses eventos sejam lembrados mais pelo lado negativo, sob críticas e julgamentos... Se é época de relembrar o nascimento de Jesus e de viver as expectativas para o ano vindouro, poderia ser, também, época, a cada ano, de pensarmos no próprio renascimento, em renascer nos projetos de vida, na relação com o próximo, na lembrança das promessas não cumpridas, na nova maneira de abordar velhos problemas.


Muitas vezes vemos pessoas, mesmo espíritas, presas de determinados impulsos condicionados pela cultura e pela influência alheia, esperando que o período de festas seja carregado de benéfica magia que lhes mude a “sorte”. Reflitamos sobre essa postura imatura, de nos vermos como joguetes do acaso, reclamando da vida algo que nos beneficie, que surja do nada, ou apenas que nada nos atrapalhe os propósitos. Muito justo que busquemos melhorar, mas, além de justo, bem melhor seria que nos preocupássemos mais com o que podemos dar à vida; bem melhor seria que os nossos projetos incluíssem a melhora na capacidade de ajudar àqueles com quem convivemos no lar, no ambiente de trabalho, ao velho amigo, ao parente pouco lembrado, ou àqueles que ainda vamos conhecer; deveríamos querer renascer percebendo, no coração, que ser espírita e ser cristão é uma só coisa, renascendo mais capazes de empatia, de autocrítica, mais sensíveis ao problema alheio, mais preocupados com o bem comum, com mais senso de coletividade.


Aí, sim, bem além do impulso geral de confraternização, nesse período de festas, estaríamos realmente contribuindo com a própria mudança de ser, válida para os outros momentos da vida, aqueles sem datas especiais e sem festejos, nos quais as pessoas mais padecem em silêncio, mais precisam de nós. Aí, sim, renasceremos com visão verdadeiramente espírita, porque mais capazes de melhorar a vida que existe além de nós mesmos.


Celso Andreoni

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2 comentários


Christina Salgado
Christina Salgado
27 de dez. de 2020

Um texto bastante reflexivo que nos leva ao entendimento do Natal com o Papai Noel e o Natal com Jesus e como podemos confraternizar com um e outro sem que o verdadeiro sentido do Natal seja distanciado de nós. Não há conflito. Há complementação.

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matheusfac518
matheusfac518
21 de dez. de 2020

Vendo um pouco da origem do natal torna ainda mais significativo essa data. Muito bom o texto !!!

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