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Os Estigmas Associados às Doenças Mentais

Querido leitor, hoje vamos conversar sobre o assunto que foi tema da redação do ENEM 2020. Quero compartilhar com você: eu fiz essa prova e minha felicidade não poderia ser maior em ver que um tema tão pertinente e ao mesmo tempo tão silenciado seria objeto de reflexão de milhares de jovens, como eu, naquele domingo - o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira.



Vamos começar esse artigo definindo a palavra estigma


“Estigma social é uma forte desaprovação de características ou crenças pessoais, que destoam das normas culturais. Estigmas sociais frequentemente levam à marginalização. Para a Sociologia, o estigma também pode ser conceituado como uma marca objetiva que recebe uma valoração social negativa.”


Em outras palavras: a sociedade muitas vezes enxerga os transtornos mentais e comportamentais de forma equivocada e pejorativa.


Vamos fazer um exercício de visualização empática: imagine que você tenha transtorno severo de ansiedade. No seu dia a dia, momentos de calma são raros, já que na grande maioria do tempo você tem uma preocupação desproporcional com coisas pequenas, medo constante e incontrolável, uma angústia e uma tensão que nunca te abandonam, um turbilhão de pensamentos negativos que te tiram a vontade de realizar qualquer simples tarefa.


Mesmo que você tente e se esforce ao máximo -já que as pessoas sempre repetem “tente se acalmar”- o seu coração acelera e você sente dores no peito, falta de ar, tremores, náuseas sempre que tem uma crise.


Você poderia levar uma vida muito mais tranquila e saudável se entendesse que essa é uma doença muito comum, uma alteração na química cerebral, e que pode ter seus sintomas reduzidos significativamente com tratamento psicológico e psiquiátrico. Se você soubesse que uma disfunção no cérebro é como um problema de coração, ou nos rins, por exemplo: se cura com acompanhamento médico, medicamentos e mudanças de hábito, e não apenas com “força de vontade”


Mas você não sabe. A falta de informação sobre a sua condição e o estigma social, que faz com que as pessoas reproduzam preconceitos, te fazem acreditar que você é inválido, incapaz. Te fazem acreditar que isso não é uma doença, é uma frescura. Então você é fraco. Psiquiatra é coisa de louco. Você é fraco. Tudo isso que você sente não é real, você está inventando. Você está se vitimizando. Você é fraco. “Eu passei por tantas coisas na vida e não fiquei assim nervoso como você”. Você é fraco.


Conseguiu sentir? Isso é o que acontece com milhares de pessoas portadoras dos mais diversos tipos de psicopatologias - ansiedade, depressão, bipolaridade, entre outros. É por isso que o estigma é um problema. 75% dos pacientes psiquiátricos em países em desenvolvimento não recebem nenhum tratamento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).


Além disso, Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria estimam que 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Ou seja, o estigma mata.


Eu poderia ter feito um texto enorme com dados e conceitos complexos, mas tudo que eu queria para hoje é que nós pudéssemos nos colocar no lugar do outro e concluir: é preciso falar de saúde mental. É preciso difundir a informação. É preciso ter empatia, solidariedade, compreensão. Vamos frear o julgamento e abraçar aquele nosso amigo que a tanto tempo sofre e dizer: vamos cuidar disso juntos! Vai dar tudo certo! Sua vida é valiosa. Às vezes o tal amigo pode ser até nós mesmos. Não se envergonhe em procurar ajuda! Você é um ser com todas as potencialidades do mundo e lembre-se: não existe no dicionário de Deus a palavra incurável.


Com amor, Bella.

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